quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um panorama da arte brasileira no Tocantins



Estado é o primeiro a receber o acervo particular de Lily Marinho, com 60 peças - entre quadros e uma escultura - dos mais diferentes movimentos artísticos brasileiros. Ao expressar o olhar “humanístico” da colecionadora, a exposição traça um perfil dos nossos costumes.

Nascida na Alemanha e filha de pais ingleses, Lily Marinho – viúva do jornalista Roberto Marinho – possui, naturalmente, um olhar diferenciado sobre o Brasil. Com apurada formação artística, fez dos mestres da pintura nacional seus guias por nossa cultura, ao reunir um acervo que toca as paisagens, personagens e tradições populares do país. E é para o público do Tocantins que ela apresenta, em primeira mão, esta sua perspectiva de Brasil, através da exposição “Arte Brasileira na Coleção de Lily Marinho”, que permanece no Palácio Araguaia, em Palmas, até 10 de janeiro.

Estão expostas 60 obras da colecionadora, produzidas entre as décadas de 1860 e 1980. Apenas seis peças são abstrações. Todas as demais ilustram o sentimento de brasilidade, em suas mais diversas cores e formas.

Retratista maior da sensualidade nacional, Di Cavalcanti traz duas de suas mulatas à mostra; Portinari reproduz nossa gente; enquanto o artista plástico e sambista Heitor dos Prazeres exibe o universo das rodas de samba, da diversão carioca e das brincadeiras infantis tradicionais – em estilo de pintura naif, ingênua e primitiva. Mais tupiniquim impossível.

A religiosidade, como não poderia deixar de ser, se faz presente através das tradições católicas e afro-descendentes. Neste núcleo da exposição predominam as telas da carioca Rosina Becker do Vale, falecida em 2000, mas ainda pouco conhecida pelo grande público. Com suas cores fortes e traços pueris, mas profundos, Rosina se tornou uma das maiores surpresas para o tocantinense.
Já por meio das abstrações, curiosos e apreciadores podem conferir traços de alguns dos principais artistas plásticos modernistas: Manabu Mabe e Tomie Othake, japoneses radicados em São Paulo. Anita Malfatti, um dos expoentes da Semana de Arte Moderna, participa da mostra com uma paisagem rural.

A própria colecionadora Lily Marinho é personagem da exposição, retratada pelo franco-holandês Kees Van Dongen e pelo russo Dimitri Ismailovitch, em telas que, respectivamente, abrem e fecham a mostra. No contexto, entre personagens e paisagens de um Brasil mestiço, Lily aparece como representante de uma sofisticada sociedade carioca – e, porque não dizer, brasileira. Em uma exposição que passeia pelas diferentes escolas artísticas, nossa realidade se mostra em toda as sua diferenças.

Também estão presentes na exposição artistas plásticos como Volpi, Iberê Camargo, Franz Krajcberg, Ivan Serpa e Pancetti. Para o público em geral é uma oportunidade única, visto que muitas das telas nunca foram expostas antes. Para quem mora no Norte do País é a primeira chance de apreciar o trabalho destes mestres.

A professora Edvângela Gregório, de Porto Nacional, aprovou a mostra. “Acredito que exposições deste nível contribuem imensamente para a construção de profissionais melhores, de pessoas melhores, de seres mais sensíveis, que percebam o outro, que percebam a si mesmo e percebam a realidade presente”, enfatizou.

VISITAÇÃO
A exposição é promovida pelo Governo do Tocantins e está aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 21h, no Palácio Araguaia, com entrada gratuita.
Universidades, escolas e grupos interessados em visitas agendadas podem entrar em contato com a Fundação Cultural, em horário comercial, através dos telefones (63) 3218. 3331 ou 3218. 3372.


Publicado em: www.jornaldotocantins.com.br e www.to.gov.br/secom
Novembro/2006

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