quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Madonna: ícone em construção permanente



Datas “redondas” sempre mexem com a gente. Quando viramos cada década de vida, é natural correr pra o espelho, pra ver a profundidade das rugas no rosto e a saliência dos pneuzinhos na cintura. Também analisamos o que foi feito de nossa vida e o que ainda nos falta realizar. Huuum, haja frustração! Mas prossigamos. Este mês um ícone da cultura Pop mundial vira a folhinha e entra em sua quinta década de vida. Se a loira Madonna decidir, por vaidade feminina, ignorar a passagem de seu meio século de nascimento, ela terá outra grande data a festejar: os 25 anos em que permanece no topo do showbussines. Este sim, um feito que merece reflexões.

Madonna não é uma grande cantora, uma exímia dançarina nem mesmo uma mulher de beleza excepcional, mas não é exagero dizer que, contra tudo isto, ela conseguiu construir uma carreira tão sólida quanto alguns dos maiores ícones da música mundial, como Michael Jackson e Elvis Presley.

Acima de tudo, Madonna é um ícone, uma imagem em permanente adaptação. Sempre renovada, atendendo ao gosto do público de cada época. É por isso que ela permanece no topo. Sua imagem é seu grande espetáculo, tão grande quanto sua própria música.

No inconsciente coletivo, Madonna é lembrada mais por suas mil faces, ou um mil fases – como preferir -, e menos por suas canções. Aí, a imagem de Madonna que você guarda denuncia a sua idade.

Pode ser a imagem do início de carreira, rival de Cindy Lauper, com figurino colorido e cabelo loiríssimo e repicado. Pode ser a material girl, vestida de Marilyn Monroe. A Madonna profana, de cabelos negros, dançando diante de cruzes em chamas. Pode ser a mulher provocativa, cantando sobre uma cama, vestida em sutiã de formato de cone. A erótica e dominadora. Ou a atual, comedida, mas que preserva a sensualidade. Todas, imagens bem construídas e preservadas em videoclipes, a mídia que surgiu e se desenvolveu junto com Madonna. A mídia que fez ela crescer.

Sua própria música, Madonna também trata como “imagem”. Cada um dos seus discos é um registro de época, com arranjos adaptados à estética sonora do momento em que foi lançado. Isso, mais uma forma encontrada para manter-se sempre atual, em sintonia com o público.

Seu álbum atual, Hard Candy, é a maior prova da adaptação de Madonna aos sons de cada época. É o seu disco mais “fabricado”, o menos original. As músicas flertam diretamente com o rap e o eletrônico pasteurizados. Levando a assinatura de Timbaland, o produtor musical do momento, Hard Candy não tem a identidade de Madonna. Bem que poderia ser um disco de Nelly Furtado, Beyoncé ou qualquer outra cantora pós-adolescente do momento.

O fato é que Madonna conduz a carreira como quem toca uma empresa e usa todos os recursos para manter-se em evidência. E , o mais impressionante, alcança sua meta sem comprometer a qualidade do trabalho ou soar como um simples produto de mídia – claro, desconsiderando equívocos como Hard Candy.


Publicado em: www.jornaldotocantins.com.br

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