quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cyberamor



Um Brasil nos separa, mas nos aproximam os bites que viajam pela linha telefônica e o desejo mútuo de vir a se doar, de encontrar-se no outro, como num espelho. Não navego pelo seu corpo, ainda não senti seu calor nem seu cheiro, mas tenho comigo tua voz - ao mesmo tempo mansa e firme, uma voz que faz com que sinta o quanto gosto de ti, mas que também denuncia a nossa distância.

Nesta voz, não reconheço nenhum som da caatinga ou do cerrado, sons do meu berço ou da minha morada. Mas quero que tua voz seja o som que marcará o meu futuro.

Sua pele nunca se ressecou ante a agressão deste sol, assim como o frio que tez faz agasalhar-se à noite poucas vezes me tocou. Mas quero que, em breve, nossa pele compartilhe as mesmas sensações e se umedeçam com o mistura do nosso suor.

Seus olhos certamente nunca enxergaram as mesmas paisagens que os meus. Mas eles me enchem de ternura, quando surgem ainda que distantes naquele pequeno retângulo que teima em congelar sua imagem tão rapidamente.

Muita coisa nos separa... agendas, febres, cansaços, provas, problemas, ansiedades, mas não nos distanciam os mais de 5 mil dias que diferem o nosso surgimento na Terra.

De tantos entraves, nenhum me faz desistir de você, muito menos seu silêncio nestas longas horas.

Todos os problemas me parecem pequenos, diante da possibilidade do encontro com os teus braços, da partilha de duas vidas, com tudo de bom e mau que esta convivência traz em si.

Esperei por ti estes anos... Se quiseres, saberei esperar também o momento do encontro carnal. Tens parte de minha alma, poderás ter também o meu corpo.

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