quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Quando as cores invadem ruas e avenidas



Em pouco mais de dez anos de atividade como artista plástico, Pierre de Freitas conseguiu se firmar como um dos profissionais mais reconhecidos do Tocantins. E isso não se deve apenas às cores fortes, às imagens instigantes e à técnica requintada impressa em suas telas. Motivado em colaborar na formação de um público que aprecie e consuma arte plástica, Pierre saiu do seu atelier e do circuito das galerias de exposição. Ele foi às ruas, se aproximou do cidadão comum e chamou a atenção da imprensa para seu trabalho e, principalmente, para suas idéias.

Há cerca de seis semanas, qualquer pessoa pode vê-lo pintar, próximo a uma das rotatórias mais movimentadas do centro de Palmas. Mas essa é apenas uma das intervenções recorrentes que Pierre já fez nos espaços públicos da cidade.

Puxando pela memória, podemos lembrar do “Varal das artes”, em que reproduções de seus desenhos foram distribuídas por 40 locais de grande concentração popular, como pontos de ônibus e ruas movimentadas, em 2005, em Palmas e também em Goiânia. Por duas eleições consecutivas, Pierre de Freitas também se utilizou de intervenções artísticas, no gramado do Espaço Cultural, para promover a cidadania, protestando contra o voto em branco. Isto além das manifestações coletivas que participou, no Tocantins e também em Cali, na Colômbia, onde fez curso de extensão acadêmica.

O principal motivo para levar sua arte à rua, diz, é pagar uma dívida pessoal que tem para com a sociedade. “Sempre estudei em escolas públicas e também em uma faculdade pública. O povo, através dos governos, foi quem pagou meus estudos”, explica.

Quando trabalha em plena avenida, Pierre sabe que chama a atenção por estar em meio a uma paisagem esteticamente vazia, embora movimentada. Ainda assim, não perde a concentração, mesmo quando os mais curiosos se aproximam para conversar. “Gosto dessa coisa urbana, de pessoas passando, barulho, cheiro de gasolina”, diz. Na rua, ele quase disputa espaço com mercadores de arte – na verdade, vendedores de telas reproduzidas em série. Mas também recebe encomendas de trabalho e conversa com pessoas, jovens ou de mais idade, que nunca freqüentaram uma exposição.

Pierre de Freitas proporciona o contato de gente comum com as artes plásticas, independente do entendimento que elas terão sobre o que vêem. “A compreensão sobre um trabalho artístico é relativa. Depende muito do momento que se está vivendo, do seu modo de enxergar a vida”, avalia.

Apesar do desprendimento com que realiza este trabalho, ele deixa nítida certa contrariedade com os gestores públicos de cultura, a quem “falta sensibilidade para criar mecanismos e possibilitar ações em que haja o envolvimento popular”, considera.

Publicado em: www.ogirassol.com.br e http://www.overmundo.com.br
Fevereiro/2007

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